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Expectativas de um
aniversariante

Eu li um post dizendo pra gente parar de maldizer as expectativas. Realmente, mesmo que eu não tenha ganhado o concurso de literatura, se eu não tivesse a expectativa de ganhar eu não teria finalizado a escrita do meu livro para a inscrição. Agora, ainda que frustrado, eu tenho um original na minha mão, pronto pra novas oportunidades. E assim vou correndo atrás, me envolvendo em novas expectativas profissionais.

 

Mas tem outras, aquelas que depositamos sobre o outro. É mera expectativa minha chegar em casa, depois do trabalho e encontrar os meus filhos com tarefa feita, banho tomado, nenhuma reclamação do irmão, prontos pra jantar e relaxar. E isso é frustrante, a gente tenta colocar uma rotina, tenta fazer com que aconteça o ideal pra gente, e é aí que a expectativa se torna inimiga. Quando depende do outro, a maior chance é de que ela não seja correspondida.  É assim com amizades, atendimentos, colega de trabalho. É duro, as vezes a gente só espera que a pessoa faça o que foi combinado, e quebramos a cara.

 

Com paquera, por exemplo, sempre tem aquela pessoa que espera a outra dizer o que ela acha que tinha que dizer, ou fazer o que acha que ela deveria fazer. Não temos que dizer ou fazer... podemos, mas sempre queremos. Porém às vezes só não pensamos naquilo também. É aí que o outro se frustra.

 

E lidar com frustração é difícil pra criança e adolescente, mas é difícil pra adulto também. É... adulto... Quando a gente vira um, e começa a se colocar no lugar devido essa palavra pesa nos ombros, mas tem as levezas também. Vou escrever sobre isso... Mas antes que eu desvie do assunto, hoje, quando consigo estar de banho tomado, jantado e consigo colocar as crianças na cama até as 22h a minha expectativa é suprida com sucesso, é minha meta. Mas se ela não existisse, talvez eu estaria ainda mais bagunçado e dormir no sofá sem ter tomado banho, depois de um dia exaustivo ia se tornar ainda mais frequente.

 

É boa essa expectativa de um novo emprego, de passar no concurso, conseguir uma entrevista, de ser admitido ou ganhar uma promoção, de vencer um pregão eletrônico, de conseguir realizar um projeto ou fazer uma venda, de entregar a monografia de forma excelente. Sim, porque ela realmente nos movimenta. Mas tem que ter cuidado, porque a gente se desespera, exaspera, coloca toda a energia da vida ali, e depois quando não rola... “Meu mundo caiu...”

 

Já as expectativas cotidianas, essas nos estressam, frustram e nos fazem querer gritar com mais frequência. Agora, por exemplo, pedi pros meus filhos ficarem prontos pra gente sair às 11h50, abro a porta e... expectativa suprida. Ufa! Às vezes acontece.

 

Hoje, completando meus 32 anos, com muitas expectativas frustradas. E muitas conquistas que superaram as expectativas também aconteceram nesse tempo. A data de hoje me faz pensar no sentido que quero dar pra minha vida, parece que o tempo de resolver está próximo e a minha expectativa é a data limite dos 34 anos para que eu esteja melhor resolvido pessoalmente e profissionalmente. Limite do quê? Não sei... Mesmo porque minha amiga disse, esse sentido da vida é fugaz. É, variável também. Bom, meu acalento é que hoje vou comer um bolo de paçoca carinhoso, que apesar de não ser o bolo que eu esperava foi o que minha mãe pensou que eu gostaria. E espero, ansiosamente, ganhar um vidrinho de pimenta jalapeño suave, da Tabasco.

26 de junho de 2023, meu aniversário.

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